Sempre que vou à feira de Crato, acho que não vou consegui lá muita coisa não, mas é porque ainda fico pensando no que já foi aquela feira. Mas parecia um mundo Árabe, com feirantes de turbantes na cabeça, com latas e balaios pra cima e pra baixo. Cada figura, que daria a qualquer fotógrafo, a sensação de um urso em pleno rio empestado de salmões, que de imagens continha! Ah lá meus 11 a 15 anos, anos por aí! Num sabia nem o que era pegar numa máquina de fotográfica. Em verdade, eu jamais, jamais imaginei que um dia tiraria uma foto sequer!
Meu pai era comerciante e em seu armarinho era mais um recinto dentro da feira que minava fotos, mas que ninguém se dava conta disso. Cegos sanfoneiros, violeiros, um entra e sai de criaturas, verdadeiras caricaturas. Uma temática fotográfica lá, só com expressões do povo, daria um livro.
Mas enfim, fui a Feira do Crato. Por lá encontrei Sr. Noé, que faz o melhor quebra-queixo do Cariri. Tava montando a sua barraquinha. Também por lá, meu amigo Raimundo Anicete. Adoro conversar com Raimundo, é muita simplicidade numa pessoa só!
E sem querer querendo, fiz minha feirinha! Coloquei os primeiros raios de sol no povo da farinha e frutas. Maria que armava a barraca, porque se ocupa em trabalhar, num fica armando barraco por ai! Gente vendendo o peixe de seu peixe! Uma figura evasiva apressa o passo, outro joga um amarelo com preto e dar passos compassados como que procura o passado!
Olhaaaaa o tecido estampado! Um pito aqui uma baforada ali. Toin toin in íon íon... Pote bão... Quanto custa? É baratinho homi! E a quartinha? Ta quase de graça!
Depois, coloquei tudo, tudinho... No meu balaio fotográfico-virtual e vim me embora!
O raiar do feirantes!

Bem cedinho, armando a barraca, é como estar desfraldando a bandeira da luta do dia a dia!

Sr. Noé em preto & Branco, arma sua barraquinha que logo logo explodirá com as cores dos tijolos de buriti, goaiaba, quebra-queixo e muito mais!

A sombra de um se projeta nas costas do outro. Procura de um passado?

Saindo do nada e a passos largos, um homem esquivo tem uma pressa enigmática!

Descamando o peixe!

Pode levar sem Don Maria, é bom,bonito e barato!

Por entre as lonas.

Eita Raimundo, que Goma arvinhaaaa! Né não Sr. Pracede!

Tô recebendo meu aposento hoje e venho pegar esta. Dona, quanto custa?

É só oito Riais!

Ô pitada boa, sô!

Fotos, Pachelly Jamacaru
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